No nosso mundo existe uma grande diversidade de pessoas, e dentro do mundo dos RPGs as coisas não tinham como ser diferentes. Não são só as raças fantasiosas ou as classes que diferenciam os personagens (Sejam os jogáveis ou não), mas cada um possui características que os tornam únicos.
Pessoas com deficiências e neuroatipicas, mesmo que ainda invisibilizadas, estão presentes no nosso dia-a-dia e torna nossa sociedade diversa. Então, por que mesmo assim não vimos essas pessoas tão representadas nos nossos jogos e em nossos personagens? A inclusão dessas pessoas dentro dos jogos de Roleplaying pode ajudar a trazer discussões interessantes e tornar o ambiente mais representativo.
Por isso trazemos aqui uma discussão sobre formas de trazer mais representatividade dentro das nossas mesas de RPG.
Informe-se!
A melhor forma de representar algo é entendendo o assunto. Pesquise, acompanhe pessoas e veja seus pontos de vista. Informe-se com conhecidos que tenham uma realidade parecida com seu personagem. Se ele for surdo, o que na sua rotina seria diferente? ou que dificuldades ele poderia enfrentar durante a aventura?
Você pode criar uma listinha para ajudar:
-Que sintomas meu personagem tem sobre a determinada deficiência?
-O que isso influencia no dia-a-dia dele e o que eu posso acrescentar na minha interpretação?
-O que ele faz para manejar essa condição (Ex: Toma algum medicamento, possui algum equipamento de auxílio, possui ajuda de meios mágicos...)?
Você não precisa ser expert, mas ter informações evita a criação de estereótipos ofensivos e errados.
Mesa inclusiva!
Não adianta ter um mundo imaginário inclusivo se você barra jogadores de entrar em sua mesa só por conta de suas deficiências. Sabemos que isso não é intencional muitas vezes, mas se você conhece alguém com condições diferentes das suas que acha que adoraria saber jogar, a sua deficiência não vai lhe trazer nenhum impedimento.
Claro, que as vezes adaptar o jogo pode ser necessário para trazer uma experiência melhor e mais confortável para todos, mas vale completamente a pena! Já trouxemos post com dicas para trazer um jogo mais acessível, que tal dá uma conferida?
Mecânicas especiais
Na área de criação de personagens do sistema kids on bike existe uma área dedicada para personagens com deficiências e neuroatípicas, porém não são todos os sistemas que possuem esse tipo de instruções.
Por isso, é interessante a adaptação de regras e mecânicas para melhor condizer com a realidade daquele personagem. Alguns exemplos de adaptações:
Adaptação de magias e habilidades: Há habilidades em que seu personagem não poderá fazer por causa do que o texto de sua descrição traz (Ex: magias que precisam ver o alvo em relação a pessoas cegas e de baixa visão). Para isso, pode ser feita uma mudança no que a magia fala, modificando o texto para reverter esse impedimento, ou criando maneiras que o personagem usaria para superar essa situação (Ex: Um personagem surdo talvez encontrasse uma forma de usar libras em magias verbais ou runas mágicas que ele precisaria fazer durante a magia).
Bônus e penalidades situacionais: Por exemplo, talvez um personagem cadeirante possa ter um deslocamento maior por turnos, mas teria desvantagens em terrenos muito difíceis de andar. Elas devem ser equilibradas para não tornar o jogo ou muito difícil ou muito apelão.
Condições: Seu personagem pode ter dores crônicas e isso pode trazer condições temporárias caso ele fazer um esforço exacerbado.
No site https://sleepyspoonie.tumblr.com/post/161772119491 possui algumas dicas e condições feitas por pessoas com deficiência que você pode usar como referência. Infelizmente o texto não tem tradução.
Essas adaptações são feitas através de conversas entre jogador e mestre e deve ser feito com cuidado. Para a elaboração dessas mecânicas, se informar bem é sempre a melhor forma de começar!
Faça seu personagem além da sua deficiência.
Obviamente, seu personagem possui personalidade e características FORA da sua deficiência como qualquer outra pessoa, então não torne a história do seu personagem apenas sobre isso.
Faça uma ficha de personalidade, com coisas que ele gosta de fazer e ambições que ele possui como se fosse qualquer outro personagem. Lembre-se também que a deficiência não precisa trazer uma backstory triste e trágica, e que apenas gire em torno da condição da pessoa. Não reduza alguém a sua deficiência, seja dentro ou fora do jogo.
Sabemos que existem outras formas de tornar o jogo mais representativo e que muitos dos nossos leitores podem ser pessoas com deficiência ou que convive com alguém que seja, então queremos trazer mais dessa discussão nos comentários. Quais dicas vocês acham importantes e o que vocês acham da representação dos personagens com deficiência nos RPGs? Comentem a opinião de vocês e vamos juntos tentar tornar nossos jogos mais acessíveis!
Referências: https://writingalchemy.net/resources/universal-disabled-character-creation-guide-for-ttrpgs/
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