Com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades e, sem dúvidas, a principal delas é preparar a sessão de jogo.
Existem diversas formas de se preparar uma sessão, e a maneira ideal varia de mestre para mestre. Porém, mesmo não existindo uma só forma certa de preparação, é comum mestres se pegarem pensando: “será que preparei suficiente?”. Esse simples questionamento pode ser suficiente para trazer ansiedade antes do jogo, principalmente para mestres iniciantes que, por sua falta de experiência, acreditam que cada detalhe deve ser elaborado antes mesmo do jogo ter uma sessão zero!
Apesar da preparação de uma sessão não precisar ser tão extrema, não ter o suficiente preparado também pode ser bem estressante e pode impedir que sua narrativa na mesa avance de maneira satisfatória.
Dito isso, vem a seguinte questão: quanto se deve preparar para uma sessão? Como saber o nível de preparo necessário para evitar estresses?
Como você já deve imaginar, a verdadeira resposta para essas duas perguntas também é: depende de cada mestre!
Mas calma, não teríamos feito esse artigo apenas para concluir com uma resposta tão genérica sem trazer uma verdadeira ajuda para você, leitor. Apesar de não existir uma resposta certa ou única, existem alguns pontos que devem ser trazidos a essa discussão antes de saber o que melhor funciona com você.
Antes de preparar sua sessão, tenha em mente que, diferente dos jogos eletrônicos que possuem uma programação e comportamento pré-definido, o RPG não depende de um roteiro pré-estabelecido para que sua história seja contada. Ou seja, as ações dos jogadores determinarão tudo sobre o rumo tomado por essa narrativa. Assim, não é possível se preparar para todas as possibilidades e, considerando a criatividade sem fim de seus jogadores, tentar se antecipar para tudo é uma atitude fadada à frustração.
Sua história deve ser preparada aos poucos, conforme as necessidades surjam. Nem toda vila que você criou precisará de uma linha do tempo histórica; o mercador que aparecerá brevemente não precisa de um passado detalhado. O trabalho de tentar construir tantas minúcias que no final não serão relevantes para seus jogadores é algo que não compensa seu estresse. Essa dica também se encaixa no que diz respeito a preparar o máximo de informações que puder de seu mundo antes mesmo de começar um jogo. Se a inspiração vier, perfeito! Mas tente não se fixar na ideia de criar cada mínimo detalhe ao invés de priorizar o que é essencial para que seu jogo aconteça. Lembre-se: Seu cenário não se torna “menos real” só porque você não tem todas as suas características anotadas..
Deixando isso claro, agora vamos ponderar sobre o que é recomendável ser preparado. É importante entender que ter as informações certas em mãos pode te ajudar a improvisar a narrativa que você previa acabe saindo dos trilhos, e evitará que sua a história resultante seja mais cansativa e com buracos que depois serão difíceis de consertar.
Cada mestre decidirá o que acha bom para sua sessão, mas existem alguns fatores importantes que seriam bom ter feito com antecedência.
Elabore o jogo pensando na quantidade de encontros que podem ocorrer em sua sessão. O parâmetro pode variar, mas sugerimos considerar o preparo de 5 encontros por sessão para uma boa folga de planejamento. A partir disso crie:
Para NPCs
Um breve resumo de cada NPC que seus jogadores têm grandes chances de encontrar na próxima sessão, incluindo uma descrição simples que te inspire a interpretá-lo, sua ocupação, relação com personagens de jogadores - se houver - e quaisquer informações que ele possua sobre a trama que possam ser de relevância.
Para localidades
Descrições curtas que te ajudem a apresentar a localidade, assim como alguns pontos de interesse para seus jogadores - e maneiras como eles podem descobrir esses lugares. Uma simples referência de quais NPCs podem ser encontrados no local, assim como de partes de sua história relevantes para a trama, também pode ser útil.
Masmorras
O mapa da masmorra não precisa ser artístico e detalhado! Você só precisa de um esquema simples que mostre as salas em relação umas com as outras, e que te permita referenciar o conteúdo de cada uma facilmente (descrição, itens, criaturas…).
Missões e eventos
Invista em anotações que permitam uma leitura rápida, como, por exemplo, uma divisão por tópicos ou em lista. Inclua uma referência rápida de quais eventos poderiam ocorrer na sessão (apenas o suficiente para te permitir improvisar). Se convir, uma lista de objetivos e ações tomadas pela figura antagonista aos jogadores pode te ajudar a direcionar a narrativa.
Com isso, você deve ter mais do que o suficiente para uma sessão agitada e divertida! Tente enxergar qualquer preparação a mais que isso como suplementar, não obrigatória nem motivo de estresse. Conforme você fica confortável com sua própria preparação de jogo, adapte esse método da maneira que melhor funcionar com você.
E caso algo ocorra fora do planejamento, não tema! Você pode deixar o jogo fluir mesmo assim, acompanhando a narrativa e intenções de seus jogadores. Sua improvisação também pode ser suplementada por tabelas aleatórias, cuja maior utilidade é te dar a inspiração que precisa para conjurar novas cenas.
Não tenha medo do improviso! Seus jogadores procuram uma loja cuja existência você não planejou, mas dizer que ela existe não intervirá em nada impactante na história ou na lógica do seu jogo? Apenas assuma que esse lugar agora existe e vá elaborando junto com os jogadores na cena que surge. Conforme você pratica, melhor ficará: suas descrições serão mais fluidas, sua interpretação, mais natural. Basta superar o medo de largar as rédeas.
Esperamos que esse artigo tenha esclarecido mais sobre como preparar uma sessão sem preparar demais ou de menos!
Esse vídeo foi inspirado pela discussão criada pelo vídeo do Canal Ginny Di, venha conferir!
Texto: Esther Farias e Antônio Medrado
Revisão: Antônio Medrado
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