Fazer uma boa sessão de terror/suspense é mais do que apenas contar uma história. O mestre tem o dever de inserir nos jogadores as tensões que os seus personagens estariam passando para deixar o jogo mais imersivo e interessante.
Isso não é uma tarefa fácil. Portanto, abordamos aqui algumas das questões mais frequentes quando se trata desse estilo de jogo.
Vale lembrar que, como esse tipo de jogo pode tratar de temas mais pesados do que outros gêneros, lembre-se de alertar aos jogadores sobre o tipo de coisa que eles podem encontrar e garanta que todos sentem-se confortáveis antes de começar.
1- Preciso de um sistema de terror?
Antes de mais nada, entenda que você não precisa de um sistema de terror/suspense para fazer campanhas ou one-shots nesses gêneros! É possível montar uma sessão aterrorizante em sistemas como D&D, Mutantes & Malfeitores, etc.
Dito isso, histórias de horror requerem uma mentalidade específica para funcionarem bem, e tentar criá-la em sistemas que não foram projetados com esse objetivo requer mais trabalho por parte de mestres e jogadores. Você terá bastante ajuda utilizando mecânicas de sistemas de terror, e ler estes livros de regras te ajudará a entender que tipo de cenário eles pretendem gerar em sua mesa.
Há diversos sistemas que podem te ajudar a entrar num clima menos heroico e mais misterioso: Call of Cthulhu , Kids On Bikes, Paranoia, Tales From The Loop e Vampiro: A Máscara. Você pode conferir uma breve introdução dos três primeiros em nossa página!
2- Usar imagens? Mapas de batalha? Música?
Usar a narrativa invés de artes ou fotos pode despertar imagens e sensações diferentes na mente de cada jogador. Assim, eles usam a imaginação para criar a versão mais assustadora dos fatos que você está contando. Então capriche em sua narrativa, acrescentando detalhes além do visual, como cheiros repugnantes e marcantes, sons misteriosos e sensações que os personagens podem ter. Você pode usar isso não só para lugares, mas para monstros e criaturas.
Note que, contrário às dicas com imagens, efeitos sonoros podem melhorar a sua imersão! Pouca música para não distrair os jogadores, mas ambiências desconfortáveis e outros barulhos exemplificam bem ferramentas de terror que vemos em filmes, por exemplo. Apenas tome cuidado para isso não tirar o seu foco durante a sessão ou ser executado nas horas erradas, ou pode quebrar totalmente o clima. Por isso, quanto menos efeitos para se preocupar em executar, menos chance de se ter algum problema.
3- Tom da sessão
Para trazer um clima mais tenso e sóbrio para o jogo, o mestre pode inserir na sua narrativa um tom sério e sombrio. Mantenha sua voz mais baixa para deixá-los concentrados no que você está falando e, em momentos críticos, aumente a voz de repente.
Você pode também evitar pausas para eventos que distraem do momento, como muitas rolagens de dados, e pedir aos jogadores evitarem perder o foco com muitas brincadeiras e piadas, além de se manterem longe dos celulares. Assim, a atmosfera não se perderá.
4- Deixe seus jogadores tensos
Em último caso, alguns truques clássicos ainda podem deixar seus jogadores mais alertas e tensos. Até mesmo em D&D, o simples fato do mestre rolar dados por trás do escudo ou anotar informações sem mencionar o motivo já deixa o grupo apreensivo por uma possível ameaça. Mesmo que seja tudo atuação, eles sempre pensarão que algo está acontecendo por trás dos panos.
Quebre as expectativas deles, deixando em alguns momentos eles perdidos com as pistas que estão seguindo, como eles começarem a seguir um vulto ou som, com uma narrativa elaborada, até um beco... Sem nada lá. Mas “pegadinhas” como essa devem ser usadas com cuidado, pois perdem o efeito muito rápido!
5- Fragilidade dos personagens
Se sua sessão é de terror, deixe claro que os personagens estão enfrentando forças que muitas vezes não conhecem e que são muito mais fortes que eles. Histórias de terror passam uma sensação de fragilidade e vulnerabilidade, onde o primeiro instinto não é atacar o monstro ou vilão.
Até em sistemas de aventura como D&D, jogar em níveis mais baixos ou colocar combates mais difíceis e com limitações nos recursos de recuperação de vida pode servir. Até monstros clássicos como dragões podem ser aterrorizantes se interpretados de maneira adequada: Imagine uma criatura tenebrosa que surge dos céus, devasta seus companheiros com um único golpe de suas garras ou sopro de fogo, e que não parece nem um pouco afetado por todas as suas armas. Inimigos “invencíveis” são tradição em histórias de terror!
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