Hoje, caros aventureiros, trago a vocês mais uma história, narrada por quem vos fala, Redgart Songbird. Aconchegue-se nos seus lugares para ouvir o conto da for dourada:
Petril pés-magros era conhecido em sua vila de Halflings como um romântico incorrigível. Todo dia ele pulava o cercado de sua vizinha e batia na porta. Lá vivia a Halfling com os olhos mais bonitos de toda a região, a bela florista Lilica. Assim como era para quase todos os solteiros que viviam por lá, o coração de Pés-Magros era dela. Passava a tarde toda a chamando para sair, mas todo dia a sua resposta era um singelo “Não, você tá louco? ”.
Por mais que a resposta pareça curta e grossa, apesar de ser mesmo, a jovem sempre dizia que seu coração não pertencia a ele e de tanto repetir, apenas começou a cortar logo a conversa. Mas Petril era persistente e acreditava que um dia a conquistaria como ela o conquistou. E dia após dia tentava e, sem o sucesso que queria, a esperança de Pés-magros foi se esvaindo. Como não existe nada mais desanimador do que um Halfling triste, um caixeiro viajante que ali passava viu seu semblante tristonho e o parou.
“Gostaria de algo para lhe alegrar, senhor? ” O viajante falou com a voz rouca
“Só se tiver algo para coração partido” Respondeu Petril rindo desanimado.
“Pois tenho algo perfeito! Essa flor dourada que trago é o seu remédio. Não haverá ninguém que o rejeite após recebê-la. “
O halfling criou um fio de esperança e pagou o homem cinco moedas de ouro. Quando pegou a flor em suas mãos, a luz dourada parecia envolve-la completamente. Era a flor mais bonita que havia visto e com certeza a florista se apaixonaria pelo presente.
Se arrumou todo e bateu a porta de Lilica como estava acostumado a fazer. A jovem abriu pronta para lhe dar outro fora, mas seu olhar se fixou na flor dourada. Seus belos olhos foram preenchidos pela luz e quando olhou novamente para Petril algo havia mudado. Ele perguntou se ela queria o acompanhar em um passeio, sem hesitar respondeu que sim em uma voz monótona. A partir desse dia, ele passeava feliz pelas ruas de braços dados a Lilica, causando inveja aos outros que a cortejava. Mas algo realmente estava diferente e aos poucos ele foi notando. Apesar de quem os visse de longe os acharia um feliz casal, o brilho dos olhos da jovem havia mudado, aquele belo olhar não parecia ter a mesma vida que antes. Pareciam tristes, mesmo que ela permanecesse sorrindo para ele. O que havia acontecido para ela estar assim? Petril não sabia responder.
Foi em uma tarde em que teve sua resposta. Ela regava a flor dourada que havia replantado em um vaso como fazia sempre, quando de repente a flor voltou a brilhar e seu brilho invadiu os olhos dela por um breve instante, assim como foi no dia que ele a entregou. A jovem ficou pálida, mas permaneceu a cuidar da planta. Percebendo o que estava acontecendo, Pés-Magros agarrou o vaso em um pulo e o jogou no chão derrubando a flor. A cor dourada foi apagando de suas pétalas, virando um cinza morto.
Nesse momento, os belos olhos de Lilica derrubaram lágrimas de alívio e ela pareceu soltar um suspiro que parecia ter guardado a muito tempo. Em um minuto de confusão, a jovem parecia não lembrar o que havia acontecido, mas Petril sabia que ela voltara ao normal. Sabia que ela não demoraria de expulsá-lo de sua casa como antigamente, mas ele não deixou sumir o sorriso do rosto, nem quando ela ameaçou bater nele com uma vassoura se permanecesse parado ali.
Foi assim que Petril Pés-magros percebeu que preferia que mil vezes não ter o coração de sua amada se isso significasse que Lilica poderia voltar a esboçar aquele belo olhar novamente.
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